Política de Cotas Raciais no Brasil e a Teoria Ator-rede
uma análise das controvérsias
DOI:
https://doi.org/10.47385/cadunifoa.v20.n55.5578Palavras-chave:
Cotas Raciais, Teoria Ator-Rede, Políticas AfirmativasResumo
As ações afirmativas objetivam a promoção da equidade social, com garantia de oportunidades a grupos historicamente marginalizados. No Brasil, o debate sobre ações afirmativas remonta a década de 60, quando técnicos do Superior Tribunal do Trabalho defenderam uma lei para inclusão racial no mercado. Embora não aprovada, a proposta influenciou iniciativas posteriores, como o projeto de lei 1.332/1983, que objetivava ações compensatórias para afro-brasileiros, mas foi rejeitado pelo Congresso. Em 1995, foi instituída a primeira política nacional de cotas, estabelecendo percentuais mínimos para candidaturas femininas em partidos políticos. A controvérsia sobre cotas raciais envolve atores diversos, como acadêmicos, políticos, juristas, estatísticas e a grande mídia, evidenciando sua complexidade. O presente estudo utiliza a Teoria Ator-Rede (TAR) para analisar como tal complexidade vem produzindo o entendimento sobre as cotas no Brasil. A TAR permite compreender esses elementos em constante interação, demonstrando que as políticas afirmativas são dinâmicas e instáveis, moldadas por múltiplos atores e influências. Assim, a pesquisa busca elucidar como essas disputas definem a implementação e os desafios das ações afirmativas no país. Concluiu-se que a política de cotas raciais no Brasil segue instável, influenciada por grupos favoráveis e contrários a ela. As principais controvérsias envolvem a definição dos beneficiários, fraudes no processo de seleção, impactos no ensino e a prioridade do critério racial sobre o econômico. Essas questões demonstram que, mesmo após anos de implementação, as cotas não são um fato consolidado, sendo continuamente moldadas por legislações, políticos, mídias e estatísticas, refletindo tensões ainda persistentes.
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