Alfabetização Científica: apropriações discursivas no desenvolvimento da escrita de alunos em aula de Ecologia

Autores

  • Mayumi Yamada Instituto de Física/Universidade de São Paulo
  • Marcelo Tadeu Motokane Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto/Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.25119/praxis-5-10-581

Resumo

Um ponto importante para o processo de alfabetização científica é o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita do aluno uma vez que, as formas textuais da ciência são bastante peculiares e distantes da linguagem do nosso cotidiano. Com o intuito de melhor compreender esse processo, buscamos neste trabalho entender o desenvolvimento da escrita de alunos do 6° ano em uma aula de Ecologia. Especificamente, olhamos se os alunos se apropriam de discursos alheios, de que maneira isso é feito e a relação disso com a qualidade conceitual das produções escritas. Para isso uma sequência didática sobre mudanças na vegetação de uma restinga foi aplicada, gravada e, posteriormente, transcrita e analisada. Observamos que as apropriações são bastante evidentes e estabelecem uma relação direta com a qualidade conceitual das explicações. Adotando uma perspectiva dialógica da linguagem, fica aparente a importância do outro na construção do conhecimento de um indivíduo. Nesse sentido, é importante que, para o ensino que almeja a alfabetização científica, esse processo seja levado em consideração. Além disso, que o discurso do professor e o discurso do material utilizado em sala de aula sejam conectados evitando que os alunos façam reproduções com erros conceituais e que posteriormente possam se tornar discursos próprios e cientificamente equivocados.

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Publicado

13-12-2013

Edição

Seção

Artigos