A Trajetória de Joaquim Fernandes Venâncio: ator social invisível da ciência

Resumen

Este artigo apresenta um relato histórico da trajetória de Joaquim Venâncio Fernandes, ator social invisível da ciência, que trabalhou como auxiliar de laboratório por trinta e cinco anos no Instituto Oswaldo Cruz, no início do século XX. Joaquim Venâncio desenvolveu seus trabalhos, na maior parte do tempo, com os pesquisadores Dr. Adolpho e Dra. Bertha Lutz e é apontado como colaborador direto em grande parte das suas descobertas, porém há registros de que também acompanhou outros pesquisadores, inclusive estrangeiros em visita ao Brasil. Embora com pouca instrução formal, Joaquim Venâncio era extremamente competente e conhecedor de zoologia de moda invejável, tendo sido atribuídas a ele as primeiras ideias sobre o teste de gravidez, a partir da inoculação da urina feminina em sapos da espécie Rhinella marina. Os pesquisadores Adolpho e Bertha Lutz reconheceram a importância da colaboração de Venâncio em suas descobertas, respectivamente, citando-o de maneira direta em alguns de seus artigos e nomeando uma das espécies de anfíbios descoberta em sua homenagem. Alinhado com diversas pesquisas que apontam que certas abordagens históricas da ciência permitem a construção do conhecimento científico de forma contextualizada, os relatos apresentados neste artigo são apontados como uma possibilidade de utilização em sala de aula, podendo suscitar debates sobre questões de gênero, raça e relações de poder, presentes no processo de construção do conhecimento científico até os dias de hoje, contribuindo assim para uma formação em ciências realizada de forma mais representativa, com vistas a formar cidadãos que lutem por maior justiça social.